domingo, 27 de janeiro de 2008
Faltando um pedaço
Num quarto a meia luz, de uma noite qualquer ele lembra do passado. Na penumbra da sua alma confusa, e angustiada, vive de relembrar um grande amor.
Na estante, as lembranças: Discos que ouviram juntos, fotos de antigos amigos...apenas o “tic-tac” do relógio quebra seu silêncio. Em seu pensamento, martelam as boas lembranças, que misturadas com a realidade se transformam em imagens selvagens, irreais, confusas. A todos, ele convence que gosta de viver essa misantropia, e que isso lhe trás um certo ritmo tranqüilo, que lhe é muito agradável e peculiar. Engana a todos, menos a si mesmo, o seu coração que insiste em bater erroneamente pelos cantos, e mesmo estático, deitado em sua cama, corre freneticamente em suas veias o desejo de ter esse alguém, ou um outro alguém...Se sente confuso, cansado, ansioso, por algo que não vem, precisa compartilhar esse sentimento com alguém.
O seu mundo interior era a dúvida e a incerteza envolta na penumbra e no marasmo, pensa não ter perspectivas. De repente o telefone toca, rompendo o silêncio, trazendo-o de volta a realidade e pensa ansioso: -Quem será?
Um misto de alegria e medo o impulsionam e o fazem caminhar até o aparelho. A pulsação acelera estabelecendo novamente um conflito entre a ansiedade de rever alguém, ter alguém...O coração dispara, as mãos geladas e tremulas se estendem e tiram o telefone do gancho...Por um momento acredita ser a mulher que ele tanto deseja! Quem sabe?
-Alô?
A ligação era um engano.
Ele deita. Cansado. Decepcionado. Se sente bobo. Ri de si mesmo... E adormece.
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Um comentário:
Fantástico conto, Talita, parabéns, dá para ir sentindo enquanto se le... obrigada.
Prazer em te ler, venha me ler também, abraços
fernanda matos
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