quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Carta aos que amo

Perseverança = fé e trabalho
É assim que eu resumo esta palavra que tanto gosto e que determinou este ano que está se encerrando.
Desejar a vocês tudo o que todos desejam nesta época do ano, é para mim, poder dividir a sensação de gratidão por estar vivo e forte; não tão pleno quanto gostaria porque as adversidades do caminho me enfraqueceram um pouco, mas a plenitude mais que uma condição física é um estado perene do espírito, e na minha busca interna, tento simplesmente fortalecer o meu espírito para que eu encontre-a em algum lugar dentro de mim mesmo.
Pergunto-me agora o que aprendi com 2008, que caminhos percorri, que escolhas foram as minhas e para onde elas me levaram. Muitas, muitas lições...Sinto-me assim um pequeno caminhante buscando os melhores encontros, as melhores saídas, tateando uma maneira de andar com mais cautela quando a minha visão se faz turva pela insegurança ou pelo medo, com cautela também tentando agir para ferir menos os que me ama e por vezes tentando fazer o meu caminho mais leve. Mas este caminho é somente meu; embora as experiências possam ser parecidas, onde os meus pés podem me levar não cabe rebocar ninguém. VAI E APRENDE (assim mesmo, sem correção de imperativo) que diz a placa que vejo no meu caminho.
Que mais um ano venha e se repita, multiplique as experiências e traga o gosto novo dos dias, meses e das oportunidades.
Obrigado. Que as minhas pernas continuem me levantando todas as manhãs com força e disposição para a nova chance da vida. Assim faço a minha reverência de agradecimento por tudo e todos que me envolvem: pai, mãe, tio, tia, primo, prima, amigo(a), irmã, e até funcionários – vocês são a ferramenta que fundi o metal que sou, molda este vidro ainda endurecido, poli a pedra que as vezes me enxergo e também dá brilho aos meus metais preciosos que se transformam em virtudes de alegria guardadas em mim.
Que tenham todos momentos de alegria, reflexão, harmonia e confraternização com aqueles que amam, e permanentemente saúde, discernimento, proteção e paz, aonde quer que estejam.
Amo vocês !

Reginaldo Sodré
18 de dezembro de 2008


Receita de ano novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)
Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade